Aqui, minha vida inteira confesso
Levada, como meninos risonhos.
Uma vida regada em sonhos,
Sonhos errados por excesso.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A Carta


A vida às vezes nos pega de surpresa...
É nessas horas que pulsa o coração...
As pernas tremem, o corpo fraqueja...
Não conseguimos controlar, nem a própria mão!

Os olhos se enchem d’água...
Quando lemos as letras, as palavras...
São as frases que nos afaga...
Mas as pernas ainda parecem travadas!

Talvez sejam assim seus gestos ao pegar nesta carta...
Creio que isso não te deixará farta!
Farta de mim, farta de nós...
Queria que estivéssemos sós!

Mas não estamos?
Creio que sim.
Nós nos amamos.
É isso que importa no fim?

Estamos em um momento que nada faz sentido...
No momento em que o sentido não tem sentido...
Porque não há nada para ser sentido...
E o que sentimos não é o sentido!

Às vezes escrevemos tudo...
E não dizemos nada.
Mesmo assim, não é uma conversa de mudo...
Nem mesmo um conto de fada!

Às vezes é o que o coração sente...
É o que a paixão fala...
A razão não entende...
A compreensão em nós falha.

Distância cruel...
E ao mesmo tempo amiga...
Desejos como fel...
Amargam minha vida!



“Por que será que está me enviando isto somente agora?”
É uma pergunta sem resposta...
Eu não quero que você chore...
Não é esta a proposta!
Chorar por quê? Há motivos?
Não, talvez não...
Ainda, estamos vivos...
E em nós bate um coração.

Tristeza e alegria... Sentimentos!
Dúvidas, perguntas e questões...
Para você, tormentos.
Para mim? Emoções
Louco! Você diria...
Eu? Porque não?
Não era isso que queria?
Está no seu coração.



Está em suas mãos
Uma vida cheia de escolhas...
Está em seu coração...
Não permita que isso morra!



“essa é a carta mais louca que eu recebi!”
Talvez essa seja a mais bela que já escrevi.
O que queria dizer no início dela? Esqueci...
Tudo que coloquei não importa... Eu já li!



Dizer que te amo no final?
Não, não será esse o desfecho
Qual seria a razão para tal?
Eu já não disse no começo?



Oito de abril de dois mil e sete...
Domingo...
“é isso que ele lhe remete?
Mais nem um pingo?”

Autor: Felipe Oliveira

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A MAÇÃ



Seja bela
seja fina
seja ela
seja minha...

Observo o precipício...
que me traz na pele o absurdo,
mas não me precipito
disfarço e me faço astuto.

Voyeur tão somente?
não só isso
tímido e saliente
sou um misto.

Sagrada é a palavra que me segura,
profana a vontade que me alucina
preenchendo os pensamentos de gostosuras
confesso: o abismo me fascina.

Seja leve
seja harmonia
seja febre
és fantasia!

Experiência tal qual Adão e Eva
aproxima-se minha Valhalla.
Em meu pescoço a realidade se revela
afiada como navalha.

Corto-me agora?
Lanço-me no futuro.
"Corra, vai-te embora!"
Ouço um sussurro.

Minha consciência me alerta...
Sobre tudo que sinto.
Meu corpo contigo flerta...
És desejo eu não minto.

Seja desejo...
Seja paixão...
Seja medo...
és minha aflição.

Desvio o olhar de teus seios...
fixo-os ao lado, no espelho
pensamentos em devaneios...
torturas, é o que semeio.

Devo ficar?
A razão aconselha a sair...
O corpo quer-se deleitar...
e em teu ser fundir.

Colhendo tempestades...
A cabeça em vertigem...
O coração palpita, arde
as pernas tremem.

Seja isso loucura
Seja algo a sorver
Seja apenas fissura
Ficarei sem saber!

Autor: Felipe Oliveira

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Desespero II


Sinto-me cansado...
Tenho sono.
Acho que fui largado...
Sinto o abandono.

Desejo louco de deitar...
Vontade doida de não ver...
A impossibilidade de você me amar...
Sonho com isso até o amanhecer.

Ânsia e desamparo...
Dúvida que vem com despreparo...
Tudo isso me custa caro...
Mas não ligo, amanhã já saro.

Amanhã pode ser muito tarde...
Mas hoje sinto que é cedo...
De saudade o peito arde...
Trazendo consigo o medo.

Medo do furor desta chama...
Dentro do corpo, bate um coração que ama...
E por ti... ele clama...
Realidade insana!

Autor: Felipe Oliveira

Desejo Febril


Observar...

O corpo inerte no chão...

Escutar...

A batida forte do coração...

Tocar...

A maciez da sua mão...

Olhar...

Tudo isso que não é ilusão.



Vestir...

Com sêda macia teu corpo nu...

Sentir...

Os pêlos eriçados de desejo cru...

Sorrir...

Para o dia de um céu azul...

Encobrir...

O teu nome de todos, Ju.



Saber...

Que amanhã é um novo dia...

Perceber...

Que muito se passa, até a alegria...

Entender...

Que não era o que se queria...

Crer...

Que algo superior é o guia.



Não estou em um hospício

por pensar assim...

mas nem tudo precisa ter início

para que haja fim.



Autor: Felipe Oliveira

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Liberdade Adquirida

Amo ler...
amo assistir...
amo escrever...
amo sorrir...

Amo livro...
amo a cena..
em mim só há um crivo..
que é não ter pena!

pena das vidas vazias...
da formalidade sem sentido..
eu quero mais as risadas vadias..
que muito de nós tem temido.

Mocidade vil...
Adultos insanos..
Amizade pueril...
levando uma vida de enganos..

Quero fugir deste mundo urbano..

Quero lama nos pés...
cheiro de barro...
perfume de mulher..
em meio o orvalho...

uma estrada...
um dia de sábado..
uma água gelada..
pra acalmar os beijos cálidos..

a poeira na perna..
as risadas sem freios..
antes o vinho na taberna...
.. realizações sem rodeios.


Autor: Felipe Oliveira

Diário


Diário meu...
E também dela...
Não escrevo em um breu...
Nem à luz de vela.

Foi o tempo que com uma pena molhada...
E ao lado um tinteiro...
Escreviam em uma folha amassada...
Poemas inteiros.

O tempo onde pessoas escreviam...
Anedotas, histórias e estórias...
E muitas vezes mentiam...
Descrevendo honras e glórias.

Poetas com os seus poemas...
Filósofos com os seus tratados...
Escrevia para as multidões, dezenas...
Que após ler, sentiam-se lavados.

Embriagavam com os seus pensamentos...
Vivia com paixão aqueles momentos...
Assombravam com tamanhos tormentos...
Deixando nas cartas as marcas de seus sentimentos!

Vidas inteiras...
Mortes sutis...
Lindas herdeiras...
E um final feliz.

Bem, aqui estou eu no século vinte e um....
Escrevendo versos em um computador...
Com apenas um destino comum...
Atingir uma linda moça, de que jeito for...

Não me importo com o ruim e o feio...
Nem ao menos com o bom e o belo...
Isso pertence a pensamentos alheios...
Aqui somente meus sentimentos revelo.

Um sentimento de amor...
Com uma imagem, uma lembrança...
Que apesar da distância, ainda há esperança
Que as vezes á acompanha de dor...

Nessa longa amizade....
Houve controvérsias e discussões...
Mas não importa, são paixões...
Que veio com afeto e cumplicidade.

Não quero dizer sobre meus dias...
Pois parece-me que não fiz nada...
Hoje vivo sem guias....
E me satisfaço na noite calada.

Entre frases e versos...
Poemas e sentimentos...
As vezes até com excessos...
Invoco alguns momentos.

Momentos de tristezas...
Momentos de alegrias...
Mesmo que não houve beleza...
Mas era o que me parecia...

Agora finalizo, pois já é tarde...
Não para mim, nem para ti...
Apenas o relógio que arde...
E me separa de si.

Ligado pelo meu sentimento...
Aguardo ansioso o momento...
Em que desfrutaremos...
juntos nossos sentimentos!


Autor: Felipe Oliveira


terça-feira, 4 de agosto de 2009

Desespero


Um livro fechado...
Um caderno aberto...
O sujeito calado...
De cabeça no teto.

Já não sabe se é amado...
Nem mais o que é correto.
Sente apenas enfado...
Isso já é concreto.

No pensamento o passado...
Com pretensão de um futuro certo.
Hoje, um presente carregado...
De tudo que é incerto.

Sofrendo calado...
por não ser completo...
Lembranças do passado...
que não é concreto...
Ainda engasgado...
totalmente repleto,
porém abafado...
dentro de pouco mais de um metro.


Autor: Felipe Oliveira